Quando se faz uma pesquisa de imagens no Google com a palavra “Coroadinho” ou “Bairro do Coroado”, logo se vê imagens de homens mortos, homens presos, revólveres entre outras que fazem referência direta à violência. Apesar de aleatória, o resultado das buscas de imagens apenas refletem a realidade do Coroadinho. A maior favela das regiões Norte e Nordeste e a quarta maior do país disputa o título de região mais violenta da capital do Maranhão, São Luís.

Segundo o estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a favela do Coroadinho tem 53,9 mil moradores. Número correspondente a aproximadamente 5% de toda a população da capital maranhense. A população do Coroadinho é apenas 23% inferior que o número de moradores da maior favela do País, a Rocinha, no Rio de Janeiro.

Até outubro desse ano, oficialmente, o Coroadinho era dominado por milícias urbanas e por traficantes. No mesmo mês, o bairro viveu uma inédita ocupação policial no chamado Morro do Zé Bombom, na parte alta do bairro. A ação policial ocorreu após a morte de Hugo Roberto Ribeiro Franco, conhecido como Olhão, de 22 anos, um dos maiores traficantes da região e, em seguida, da comerciante Maria das Dores Costa Mota, de 53 anos, atingida por tiros após um tiroteio no bairro.

A ocupação da Polícia Civil, no entanto, não garantiu totalmente a tranquilidade na favela Coroadinho. Comerciantes e moradores vivem com medo de assaltos ou de serem abordados por bandidos. Casas e estabelecimentos comerciais vivem com grades em portas e janelas. E pessoas de outros bairros evitam visitar amigos ou parentes na região após altas horas da noite.

Taxistas também evitam o bairro com medo de assaltos, principalmente à noite. “Não existe pedágio, mas ninguém se arrisca ir para o Coroadinho depois de oito da noite”, declarou o taxista Mário Ribeiro, de 27 anos. Coroadinho fica às margens da avenida dos Africanos, a principal ligação do aeroporto de São Luís com o Centro Histórico da capital maranhense, mas escondido por lojas de automóveis, farmácias e bares de beira de avenida.

Apesar da violência, o bairro também é conhecido por terem uma das populações mais combativas de São Luís. Ao menos uma vez por ano, eles interditam a avenida dos Africanos como forma de protesto por melhorias na infraestrutura urbana do bairro. Por conta disso, várias ruas foram asfaltadas e a prefeitura da capital realiza uma obra de drenagem profunda na região.

A Associação dos Moradores do Coroadinho ingressou no ano passado com uma representação no Ministério Público Estadual (MPE) para exigir da prefeitura obras de recuperação de avenidas. A ação tramita na Justiça. O bairro tem poucas escolas de ensino fundamental e nenhum colégio de ensino médio. A rede hospitalar atem-se a uma unidade mista de saúde que faz apenas atendimentos de média complexidade. A unidade mista do bairro sofre constantemente com a falta de médico e de material hospitalar.

Não existem supermercados de grande porte na favela Coroadinho e o abastecimento local é feito apenas por uma feira sem higiene ou abrigos. O transporte público também é precário com veículos velhos e normalmente lotados. As ruas são estreitas e esburacadas e normalmente após chuvas fortes, há alagamentos. Ironicamente, a via que mais sofre com a falta de drenagem no período chuvoso no Coroadinho é a rua da Felicidade.

(WILSON LIMA – IG MARANHÃO)