Após a divulgação do caso de linfoma da ministra chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, muita gente passou a se perguntar sobre esse tipo de câncer, que atinge o sistema linfático (responsável pelas defesas do organismo).

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o número de casos da doença praticamente duplicou nos últimos 25 anos, particularmente entre pessoas acima de 60 anos por razões ainda não esclarecidas. Trata-se do quinto tipo de câncer mais frequente no mundo.

O sistema linfático é formado por gânglios (ou linfonodos) que produzem as células de defesa do organismo (linfócitos). O linfoma é um tipo de câncer no qual há uma proliferação desordenada dos linfócitos.

O tumor pode começar em várias partes do corpo, como abdômen, virilha, pélvis, axilas e pescoço. No caso da ministra chefe da Casa Civil, foi encontrado um único linfonodo na axila esquerda.

O diagnóstico é feito por exames de imagem e biópsia, em que é retirada pequena porção de tecido (em geral linfonodos) para análise em laboratório de anatomia patológica. Quando descoberto em fase inicial, como foi o caso da ministra, as chances de cura são de mais de 90%.

Segundo o médico Celso Massumoto, hematologista do Hospital Sírio Libanês, esta doença pode ocorrer em qualquer faixa etária. “É mais comum na idade adulta jovem, dos 15 aos 40 anos, atingindo maior freqüência entre 25 a 30 anos”, diz. Em entrevista ao UOL Ciência e Saúde, Massumoto explica outros detalhes sobre a doença.

UOL Ciência e Saúde: O que é exatamente o linfoma?
Celso Massumoto: O sistema linfático é formado por gânglios (ou linfonodos) que produzem as células de defesa do organismo (linfócitos). O linfoma é um tipo de câncer no qual há uma proliferação desordenada dos linfócitos.

UOL Ciência e Saúde: Quais os sintomas mais comuns de quem sofre desse tipo de câncer?
Massumoto: Os sintomas mais comuns são: aumento dos linfonodos (gânglios), perda de peso inexplicada, sudorese noturna na ausência de temperatura elevada do ambiente, coceira inexplicada no corpo e, às vezes, anemia e queda das plaquetas no sangue.

UOL Ciência e Saúde: Quais os tipos de linfoma existentes e qual a diferença entre eles?
Massumoto: Eles podem ser do tipo Hodgkin ou não-Hodgkin. A diferença se dá pelo tipo celular. No linfoma de Hodgkin, existe uma celula típica denominada de Reed Sternberg, que caracteriza a doença. Por outro lado, nos linfomas não-Hodgkin existe uma variedade de tipos histológicos, ou seja, células diferentes.

UOL Ciência e Saúde: Esse tipo de câncer é associado a algum fator de risco, ou a causa é genética?
Massumoto: Na maioria dos pacientes, não se consegue encontrar uma origem para a doença. História familiar positiva, idade avançada, presença de doenças congênitas ou adquiridas que causam a imunossupressão, presença de infecções por alguns vírus, como o HIV, Virus Epstein Barr, HTLV e H. pylorii [micro-organismo que causa úlceras], exposição a alguns solventes orgânicos, pesticidas ou radiação são alguns dos fatores de risco associados ao linfoma. Porém, a grande maioria dos pacientes não apresenta nenhum deles.

UOL Ciência e Saúde: Como é o tratamento?
Massumoto: O tratamento depende do estágio do câncer. Pode incluir desde a quimioterapia com medicamentos (como no caso da ministra), até a radioterapia e o transplante de medula óssea. Apesar de o diagnóstico raramente acontecer de forma precoce, mesmo porque o próprio estilo de vida dos jovens adultos acaba dificultando, as chances de cura são bastante altas.

UOL Ciência e Saúde: A doença está se tornando mais comum?
Massumoto: Aparentemente mais casos novos de linfomas são diagnosticados anualmente. Talvez pela melhora do sistema de saúde, o que permite que as pessoas procurem atendimento médico mais precocemente, ou porque a doença está se tornando mais prevalente. Estatísticas demonstram que os linfomas estão aumentando em todas as faixas etárias.

Fonte: Ciência e Saúde.uol