A homossexualidade ainda é considerada um comportamento antinatural

A homossexualidade ainda é uma ilha cercada de preconceito e ignorância por todos os lados. A opção de escolher uma pessoa do mesmo sexo para manter relações deveria ser algo natural se levarmos em conta o respeito que o ser humano deve ter ao próximo. Apesar da presença universal de indivíduos homossexuais na história e na sociedade, a temática continua trazendo disputa e controvérsia.

De acordo com o sociólogo Fran Yan Tavares, discussões sobre homossexualidade costumam ser influenciadas por ignorância, medo e fuga, colidindo com dogmas morais e religiosos e contrastando com intuitos políticos. “Estamos inseridos em uma sociedade profundamente marcada pela cultura autoritária,elitista e violenta; sobretudo, galgada na figura masculina e heterossexual. Esse padrão é reproduzido nas campanhas publicitárias, nos discursos e no cotidiano”, explica.

DireitosAo longo dos anos, os casais homossexuais conquistaram importantes direitos. Herança por morte do parceiro, acesso a plano de saúde, pensão alimentícia, são alguns exemplos. No entanto, o sociólogo ressalta que “as conquistas do segmento LGBTT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais] não podem ser compreendidas como concessão do Estado e, sim, fruto da intensa luta, mobilização e reivindicação dessas pessoas”.

Fácil para um, difícil para outro

Gabriel [nome fictício], de 21 anos, é homossexual e ainda não teve coragem de assumir para a família. O rapaz descobriu que gostava de pessoas do mesmo sexo ainda adolescente, com 14 anos. “A partir daípassei a ter uma vida dupla. Para os meus amigos héteros, eu era hétero; mas para mim, eu era homossexual”, desabafa.

Ele diz que não sente necessidade de contar para a família. “Eles não precisam saber ainda”. O jovem explica que conseguiu forças para assumir aos amigos mais próximos quando percebeu que a opção sexual era apenas um detalhe. “É uma coisa tão pequena. É uma parte de um todo, que é a vida. As pessoas têm que perceber isso”, afirma.

Já Caio de Castro, de 25 anos, não teve dificuldade. O rapaz conta que, desde criança, a família percebia que ele se interessava por pessoas do mesmo sexo. “Eu não precisei dizer nada. Cresci assim e os meus familiares aceitaram. A minha base é minha família. Tive sorte de ter essa aceitação”. Caio de Castro comenta que não possui uma figura masculina em casa. “A presença de um homem, de um pai, poderia tornar mais difícil. Então isso facilitou bastante a minha vida, com certeza”, diz.

O jovem conta que a infância foi tranquila; no entanto, a adolescência foi complicada, “porque meus colegas faziam brincadeiras comigo”. Conforme o sociólogo, isso ainda acontece com frequência na sociedade: “toda e qualquer relação que foge do padrão estabelecido e construído historicamente ainda é repudiada, através da discriminação, da violência e do riso. Afinal, as piadas falam muito sobre os preconceitos que carregamos e reproduzimos”, explica.

Psicologia

Algumas pessoas que passam pela indecisão de contar ou não contar para a família e os amigos optam por procurar um médico especialista, que ajude a tornar o problema mais fácil de ser solucionado. Segundo a psicóloga Andréa Stifft, os pacientes vão ao consultório com o objetivo de procurar um apoio. “Muitos procuram um médico porque recebem uma cobrança social para que tenham uma namorada, por exemplo. A pessoa tem que, primeiro, aprender a conviver com essa sexualidade. Porque, muitas vezes, o preconceito vem da própria pessoa”, conclui.

(Jangadeiro Online)