O jornalismo televisivo brasileiro, ao longo de muitos anos, vem sofrendo com uma pasteurização que, como na maioria das ocasiões, advém da necessidade que as emissoras concorrentes têm em tentar seguir a linha escolhida pela Rede Globo em sua estética, principalmente a jornalística.
Sendo assim, o ‘Jornal Nacional’, mais do que nunca tornou-se padrão para as demais praças jornalísticas, com seu viés oficioso, ‘imparcial’ e compacto. Do lado de cá, o telespectador foi se tornando mero receptor de notícias transmitidas sem qualquer traço de opinião, debate ou repercussão.
Com o encolhimento da figura de Boris Casoy, um baluarte da polêmica e inegável referência quando o assunto é o jornalismo televisivo de opinião, e a restrição de qualquer traço de personalidade noticiosa a programas policiais, como ‘Brasil Urgente’ e afins, a TV foi se tornando uma casa neutra, sem qualquer resquício de confronto de opiniões. Os jornalistas de tornaram apenas fontes ondem ecoam discursos de TP.
Seja falando de cotas raciais ou a discriminação contra nordestinos, Rachel, desde então, nunca deixou de expressar sua opinião. E, voltando os olhos novamente para o lado de cá, o telespectador passou a enxergar na bela moça, novamente, vida no jornalismo. Veias pulsando. Opinião. Mente pensante. Concordar ou não com Rachel é outra etapa. O que se coloca em jogo com a presença da jornalista em nossas vidas a cada dia é a energia vital que o telejornalismo ainda é capaz de produzir, quando tudo parecia morno, monótono, insosso.
Em tempo: segunda-feira (16), o ‘SBT Brasil’ atingiu 8 pontos de média, consolidando cada vez mais a vice-liderança do Ibope. Trata-se do melhor registro desde que Rachel assumiu seu posto. Resultado semelhante foi alcançado pela última em fevereiro de 2010.
São os ecos de Rachel indo muito além do TP. Palmas para a coragem ainda existente na árida terra do jornalismo.
(Por Pedro Willmersdorf, Jornal do Brasil Online)