Para entender melhor a razão dessa pergunta, basta viajar de avião em noite sem nuvens, observando abaixo milhares de luzes cintilantes. Gente em quase todos os lugares. Dita pergunta gera debates com antagonismo e hostilidade. Uns defendem que o crescimento demográfico precisa ser freado para uma melhor saúde coletiva no futuro e os contrários à explosão demográfica atribuem ao consumo exacerbado a maior ameaça à saúde do planeta. 

Há 100 mil anos éramos cerca de 10 mil. Por volta de 12 mil anos já contávamos com um milhão e o primeiro bilhão sendo alcançado em 1.800. Os humanos dobram sua população em 1930. Já o terceiro, quarto e quinto bilhões foram atingidos progressivamente em menos tempo, com 33 (1960), 15 (1975) e 12 anos (1987), respectivamente. Em novembro de 2011 alcançamos a marca de sete bilhões, nascendo cerca de 80 milhões por ano, 200 mil/dia, nove mil por hora, 150 por minuto e 2,5 por segundo. No ano 2045 seremos nove bilhões.

Ademais, como os animais domésticos crescem em número concomitantemente com as necessidades humanas e, em regra, existem três animais domésticos para cada humano, para 2045, estarão vivendo conosco 27 bilhões de animais domésticos. Todos nós, 36 bilhões de humanos e animais domésticos, necessitamos diariamente de água, alimento, espaço e energia para sobreviver. Indubitavelmente, qualquer novo indivíduo rico ou pobre é mais um consumidor a exercer pressão sobre os recursos limitados do planeta.

A Pegada Ecológica é um índice que calcula quantos hectares de superfície do planeta são necessários para atender a demanda anual de um humano adulto por alimento, espaço e energia (menos água). Em 2012 esse índice ficou próximo três hectares/indivíduo. Já a quantidade de área terrestre e aquática capaz de gerar alimentos corresponde, hoje, a 1,8 hectare global por indivíduo. Ou seja, estamos consumindo além da cota.

Apontar um número para responder quantas pessoas a Terra suportaria não é tarefa fácil, nem prever o resultado do confronto população x planeta. No entanto, parece razoável aceitar que superpopulação e consumo excessivo são uma combinação apocalíptica.

Naturalmente, nada sendo feito para controlar esses fatores crescentes e sabendo que tudo tem um limite, tomar medidas controladoras só diante do limite iminente talvez seja tarde demais. Portanto, internalizar o produzir menos pessoas e o consumir de forma inteligente e poupada sejam, hoje, uma escolha correta. É bom lembrar que a natureza é a base do nosso bem-estar e da nossa prosperidade. 

Arnóbio Cavalcante

Ecólogo, pesquisador do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação/ Instituto Nacional do Semiárido

(O Povo Online)