Com o título “Os intocáveis: BNB e Dnocs”, eis artigo da professora e jornalista Adísia Sá, em defesa do Banco do Nordeste do Brasil e do Dnocs que, em sua opinião, bombardeados por denúncias ou alvo de cortes de recursos, não podem pagar pelo passado. Ela defende ação política em defesa desses organismos. Confira:

Agora a orquestra está solta, tocando no mais tom . Antes, simulada, debaixo dos panos, sorrateiramente agia destilando seu veneno. Mas os propósitos e as atenções e os objetivos são os mesmos: destruir o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). “Ultrapassados”, “já deram o que tinham que dar”, “são cabides de empregos”, “gente que só está aguardando a aposentadoria”, “inúteis”. E com isto buscam esvaziá-los, enfraquecer o ânimo dos seus quadros, desviar clientes, investidores.

Quanta desfaçatez, cuspindo nas mãos que tanto beijaram… Afinal, Dnocs e BNB o que são? “O Dnocs é a mais antiga instituição federal com atuação no Nordeste. Criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas, por meio do Decreto 2619 de 21/10/1909, editado pelo então presidente, Nilo Peçanha, foi o primeiro órgão a estudar a problemática do semiárido.”

Graças à sua atuação, notadamente na construção de açudes pelo semiárido, nordestinos escaparam da fome e da morte. Acredito que milhares de famílias tiraram o pão-nosso-de-cada-dia labutando nas obras do Dnocs. Um dia, sem solenidade no auditório do Departamento, tive oportunidade de proclamar – alto e emocionada: “Sou filha do Dnocs”, com isto dizendo que foi graças ao trabalho de meu pai numa dessas obras do Departamento – o Araras, precisamente – que estava contando essa história. Uma emoção generalizada e muitos dos presentes gritaram: “Também sou filha(o) do Dnocs”

E o BNB? A ele estou ligada na pessoa de meu irmão, Arlindo (o Barsa), primeiro técnico agrícola do banco (e primeiro lugar no concurso específico). Graças a esse fato acompanho, desde então, a trajetória do BNB. Espalhado em toda região seca do País – aí incluindo terras mineiras – tem sido o abrigo financiador do comércio, da indústria e de pessoas físicas empreendedoras, sem o que a nossa economia estaria estagnada.

Estão pagando pelo seu passado, o Dnocs e o BNB. Não tentem destrui-los: escudos humanos serão cordilheiras em sua defesa. Sou pequenina, mas não fujo à luta.

* Adísia Sá – Jornalista