Ritmo de crescimento da economia estadual continua acima da média do País, subindo quatro vezes mais

A economia do Ceará, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todas as riquezas produzidas em um país ou região – cresceu 3,4% no primeiro trimestre de 2012, na comparação com igual período do ano passado. Mais uma vez acima da média nacional, e confirmando a tendência dos últimos anos, o índice registrado pelo Estado corresponde a pouco mais de quatro vezes o contabilizado pelo País no acumulado dos três primeiros meses do ano, que foi de apenas 0,8%. Nos últimos quatro trimestres, as taxas revelam avanço de 3,7% para a economia cearense, ante desempenho de 1,9% para o conjunto do País.

Varejo e atacado no CE avançaram 6,9% no 1º tri de 2012, ante igual período de 2011 Foto: Jessyca Rodrigues

Os dados, que são preliminares e podem passar por alterações, quando publicados os números definitivos de 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constam do documento PIB Trimestral do Ceará – janeiro/março de 2012 – Contas Regionais, divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece).

Além do Ceará, outros seis estados brasileiros calculam o indicador trimestralmente: Bahia, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo. Dos índices divulgados até agora, o Ceará apresentou o quarto maior crescimento, ficando atrás de Goiás (6,6%), Bahia (4,8%) e Pernambuco (4,6%).

Serviços são destaque

Responsável por aproximadamente 70% da atividade econômica estadual, o setor de serviços foi o que puxou o crescimento local, com variação de 5,1%. Todas as atividades que compõe o setor apresentaram taxas positivas: transportes (11,4%), alojamento e alimentação (7,2%) e comércio (6,9%).

“O desempenho dos serviços confirma a sua importância para a economia estadual. Fortaleza é uma cidade que atrai turistas naturalmente, além de ter investimentos pesados na construção civil, reforçados pelos gastos do governo em obras públicas, o que impacta positivamente nessa atividade e explica a dinâmica diferenciada da economia local ante a nacional”, destaca Flávio Ataliba, diretor geral do Ipece.

Pior desempenho

Dos setores que compõe a economia cearense, o pior desempenho foi registrado pela agropecuária, que despencou 9,8% no primeiro trimestre de 2012, ante igual período de 2011. Sujeito a flutuações climáticas, a atividade foi fortemente impactada pela quebra de safra de grãos como milho, feijão e arroz, com quedas de 53,6%, 48,8% e 25,8%, respectivamente. As três culturas respondem por cerca de 90% da produção agrícola estadual.

Resultados da indústria

Já a indústria apresentou, nos três primeiros meses de 2012, crescimento de 1,6%, sendo que, dos quatro segmentos que compõem o setor, o único a apresentar queda foi o de transformação, com taxa negativa de 2,3%, anulando, praticamente, as taxas positivas da eletricidade, gás e água, com 8,4%; extrativa mineral, com 5,6%; e construção civil, com 4,4%, dado o peso que exerce no índice geral da indústria, que é mais de 50%.

A construção civil , afirma Ataliba, vem mantendo tendência ascendente desde 2004, em decorrência de uma série de fatores, como a maior disponibilidade de crédito direcionado ao segmento e a melhoria na renda dos trabalhadores.

O setor de transformação acusou queda de 2,3%, pois suas principais atividades enfrentam problemas de mercado, quer seja pelo fraco desempenho dos principais países de destino, ainda em recuperação, e/ou por problemas de concorrência com produtos industrializados importados. O resultado foi influenciado pelo recuo na produção de têxtil (-22,4 por cento), vestuário e acessórios (-5,2 por cento), calçados e artigos de couros (-1,1 por cento) e alimentos e bebidas (-2,5 por cento).

Para o ano, Ataliba mantém a expectativa de crescimento da economia cearense na casa dos 4,5% a 5%.

Comércio tem maior peso sobre o setor de serviços

Com maior peso no índice geral do setor de serviços no Ceará, aproximadamente 40%, o comércio cresceu 6,9% no primeiro trimestre de 2012, na comparação com igual período do ano passado. O resultado é confirmado pelo volume de vendas varejistas. De janeiro a março deste ano, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, a atividade avançou 6,8%, embora o ritmo das vendas esteja crescendo com menor dinamismo.

Na avaliação da economista Eloísa Bezerra, coordenadora técnica das Contas Regionais do Ipece, o comércio garantiu o incremento da economia cearense nos três primeiros meses do ano, tendo em vista ainda a influência positiva de outros setores, como o turismo e a construção civil. “Por isso, é importante entender a dinâmica da economia cearense para perceber essas inter-relações entre os setores”, justifica a especialista.

Sem surpresas

Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Honório Pinheiro, os números do comércio no primeiro trimestre de 2012 não causam muita surpresa. “Não só agora, mas nos últimos seis anos, o comércio cearense vem respondendo por um crescimento acima da média nacional em pelo menos três pontos percentuais”, afirma.

De acordo com ele, a tendência é de que haja ainda mais melhoria nos próximos meses, desempenho que deverá ser influenciado, sobretudo, pela injeção do 13º salário do governo estadual, pelas datas comemorativas do segundo trimestre, aliados à vocação do Estado para o turismo.

“O turista quando aqui chega, além de consumir nos hotéis, acaba comprando no comércio de maneira geral. Então, essa atividade é fortemente impactada. Isso puxa o segmento”, argumenta o líder classista. (ADJ)

(Anchieta Dantas jr. – Diário do Nordeste)