Nova Délhi, 26 ago (EFE).- Milhares de pessoas celebram nesta quinta-feira no mundo todo o centenário do nascimento de Madre Teresa de Calcutá, reconhecido expoente humanitário e uma das missionárias mais carismáticas da Igreja Católica.

O centro das celebrações foi a própria Calcutá, capital do estado indiano de Bengala Ocidental (que, apesar do nome, fica no leste do país). Nessa cidade, a fundadora da ordem Missionárias da Caridade iniciou seu trabalho humanitário de décadas em prol dos menos favorecidos.

A sede das Missionárias da Caridade acolheu de manhã uma missa solene em memória da freira diante de mil fiéis, guiada pelo arcebispo de Calcutá, Lucas Sirkar, acompanhado pelo cardeal Telesphore Placidus e sua arquidiocese.

Nela, estavam presentes também sacerdotes, peregrinos e voluntários, vários deles procedentes inclusive de distintas cidades latino-americanas, disse à Agência Efe um dos membros da congregação, Antonio Mesas.


“Após a missa, descemos ao túmulo de Madre Teresa e a Irmã Mary Prema acendeu uma vela em sua homenagem”, explicou Mesas.

A missa marca o início de inúmeras cerimônias, como um festival de cinema, uma exposição e outros atos culturais, que ocorrerão durante os próximos dias para homenagear a memória da freira tanto na capital bengali como em outros lugares do mundo.


É o caso da praça Times Square em Nova York e da Ponte da Paz sobre o rio Niágara, entre Estados Unidos e Canadá, que ficarão iluminadas de azul e branco, cores tradicionais da ordem das Missionárias da Caridade.

Na atual capital da Macedônia e cidade natal da religiosa, Skopje, as autoridades fizeram hoje uma oferenda de flores diante de uma estátua levantada em sua homenagem no centro da cidade. Nesta noite, será organizada uma festa no Parlamento nacional.

A França emitiu moedas comemorativas na qual aparece a efígie da missionária. Os escritórios dos correios da Albânia, Kosovo e Macedônia acordaram emitir um selo conjunto, algo que também será feito por lugares como Estados Unidos e Mônaco.

Em toda a Europa, ocorrerão várias missas em homenagem à beata, que na Espanha será celebrada hoje no convento das Missionárias em Madri e na igreja de Santo Agostinho, em Barcelona.

Agnes Gonxha Bojaxhiu, nascida em Skopje em 26 de agosto de 1910, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979 e foi beatificada em 2003 pelas autoridades da Igreja Católica.

Durante meio século, ela realizou um trabalho de assistência em Calcutá com as Missionárias da Caridade, a ordem que fundou após uma experiência mística.

O que começou como uma congregação que ajudava os menos favorecidos da empobrecida Calcutá é hoje uma rede que conta atualmente com cerca de 4,5 mil religiosas em 130 países, onde há 710 casas dedicadas a ajudar pobres e doentes.

Madre Teresa de Calcutá morreu 5 de setembro de 1997 aos 87 anos em seu quarto da sede das Missionárias da Caridade, que mantêm seu legado na Índia, onde a missionária é ainda muito popular, acima das crenças religiosas.

Como mostra de respeito e admiração, diversas autoridades, representantes diplomáticos e dezenas de colégios de Calcutá visitaram hoje mesmo o mausoléu de Madre Teresa para depositar oferendas florais diante de seu túmulo.

O Ministério de Ferrovias da Índia organizou um ‘trem exposição’, o “Expresso Madre”, que percorrerá a Índia durante seis meses após sua inauguração hoje em Calcutá pela Irmã Nirmala Joshi, que assumiu o comando da ordem após a morte da fundadora.

Pela memória da freira somou-se há meses o lider máximo da hierarquia da Igreja Católica, papa Bento XVI, quem qualificou Madre Teresa como um modelo “exemplar de virtude cristã” e se referiu a sua obra em vida como um “inestimável presente”.

“Que o amor continue inspirando como as Missionárias da Caridade, para dar generosidade com Jesus, quem vê e ajuda os pobres, doentes, solitários e abandonados”, disse Bento XVI em maio, em carta a Irmã Mary Prema, superiora da ordem.

Na Índia, apenas 2,3% da população professa o cristianismo. Lá, no passado, alguns missionários foram acusados de proselitismo, mas a figura de Teresa de Calcutá incita a admiração do povo graças a sua dedicação pelos pobres.

(EFE)