O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inaugurou no dia 21/7 mais um espaço de encontro e formação para os movimentos sociais do Ceará: o Centro de Formação e Capacitação Frei Humberto. Projeto co-financiado pela Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGil), o Centro se propõe a ser um espaço para outros movimentos sociais de esquerda, além do MST, e conta com alojamento.

Com a alegria, simplicidade e colorido típicos do movimento, o evento de abertura do Centro iniciou-se com uma mística, apresentação que une teatro, música e falas militantes. Além dos membros do MST, que cuidavam da festa, estiveram presentes amigos e amigas do movimento, militantes de outros movimentos sociais, estudantes e professores. Houve uma palestra com o dirigente João Pedro Stédile e a socióloga e professora Heloísa Fernandes, filha de Florestan Fernandes. A banda de lata Criança Feliz também se apresentou, com músicas do universo dos trabalhadores e crianças do campo.

A CGil tem um fundo para a solidariedade internacional, com o qual investem em projetos como o do MST. O representante da Confederação, Cláudio Zaccarin, afirmou a importância do Centro Frei Humberto: “nós esperamos que esse Centro possa ser um ponto de encontro para toda a esquerda dessa cidade. Estamos orgulhosos desse projeto e nos sentimos em casa ao visitar os assentamentos”, disse Cláudio Zaccarin, representante da CGil.

A dirigente nacional do MST, Maria de Jesus, rememorou os tempos de extrema dificuldade do movimento no Ceará. Ela explica o porquê da escolha do nome do Centro: “nós não tínhamos dinheiro para nada, viemos em 1991 para Fortaleza, pois ficar aqui facilitava as mobilizações, mas fomos despejados várias vezes, a água e a luz foram cortadas. Frei Humberto nos acolheu na Paróquia Nossa Senhora das Dores e por isso nós fazemos essa homenagem”. Maria de Jesus expressou a emoção sentida por todos os presentes ao falar em solidariedade: “hoje nós estamos felizes, em festa! Haja coração! O lucro do agronegócio não pode proporcionar o que estamos sentindo hoje: tanta grandeza, tanta solidariedade, tanto sentimento!”.

Já o dirigente João Pedro Stédile lembrou o caso de José Maria, agricultor sindicalista, morto em Limoeiro do Norte, em abril deste ano, por se contrapor ao uso indiscriminado de agrotóxicos que vinha causando sérios danos às comunidades da Chapada do Apodi. Stédile reforçou a importância da formação política nos movimentos sociais, lembrando a Escola Nacional Florestan Fernandes, mantida pelo MST no interior de São Paulo.

(Sindicato dos Bancários do Ceará)