Jéssica Oliveira*
Nesta sexta-feira (5/4), o Grupo Estado comunicou reestruturação do jornal O Estado de S. Paulo. Além das mudanças nos cadernos e logística de fechamento, alterações – leia-se cortes –  na equipe devem ser anunciadas nas próximas horas. IMPRENSA teve acesso ao comunicado enviado por Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo, aos funcionários. 

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Jornal passa por reestruturação e com possíveis cortes na redação
O Estadão terá três cadernos mais um suplemento. O primeiro caderno terá as editorias “Política”, “Internacional”, “Metrópole” (incluindo os temas da atual Vida) e “Esportes”. O segundo caderno trará “Economia”, “Negócios” e “Tecnologia”. Já o “Caderno 2” amplia a cobertura de entretenimento e incorpora comportamento digital e literatura. Os cadernos “Link” e “Negócios” viram seções dentro de “Economia”. 

As mudanças passam a vigorar no próximo dia 22 de abril. Na data, também termina a distinção entre as edições Brasil e São Paulo, além da estreia do novo App “mobile”, adaptável a qualquer dispositivo móvel.

Cortes
O comunicado afirma que revisaram-se os processos de trabalho e a composição das equipes, “cujas alterações estão sendo divulgadas na data de hoje”. 

IMPRENSA apurou que, até o momento, vinte jornalistas foram demitidos: na editoria de “Esportes”, saíram dois repórteres do jornal, dois do portal e um fechador. Na de “Economia” quatro foram demitidos. Também houve cortes na “Metrópole” e “Vida”. 

“Duro é receber e-mail do patrão dizendo que vai revolucionar o jornal botando todo mundo para fora”, comentou um funcionário, que pediu para não ser identificado. 

De acordo com a nota, “tais providências se inserem na necessária e permanente gestão de recursos, imprescindível para a competitividade da nossa marca e seu lugar no futuro das mídias”. 

Um processo longo
Gandour convocou os jornalistas às 15h30, no auditório, para uma explanação detalhada de todo o projeto, seus movimentos e agenda para os próximos dias. “Falaremos sobre como ficará o jornal em cada dia da semana, que novas seções e colunistas teremos, as novidades digitais que vem por aí, além de responder a quaisquer dúvidas”, explicou no texto.

Segundo ele, um grupo de trabalho multidisciplinar, capitaneado por Conteúdo e Mercado Leitor, e que congregou todas as áreas da empresa, trabalhou durante seis meses na revisão detalhada de todo o processo produtivo.

O objetivo foi redesenhar o jornal e sua configuração física, “buscando uma solução que atendesse às demandas dos leitores e acentuando o foco em reportagens exclusivas e abordagens analíticas”.

Logística e Suplementos
Com as mudanças, o fechamento será único, às 21h30, com trocas programadas no decorrer da rodagem. E os fechamentos de domingo, feitos na jornada de sábado, não se alteram. 

 
Os suplementos ficaram divididos assim: às segundas circulará o “Edição de Esportes”, retomando marca do grupo. Às terças, o “Viagem”, às quartas, o “Jornal do Carro”, às quintas, o “Paladar” e os “Classificados”. Às sextas, o “Divirta-se” e aos sábados, os “Classificados” ganharão mais espaço. E aos domingos, também circula a “Edição de Esportes”, o “Casa”, o “Aliás” se amplia com a nova seção “Olhar Estadão”, e circulam também os “Classificados”.

Com o Sindicato
O Grupo Estado tem até aproximadamente às 17h de hoje para responder o ofício do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), que pediu uma reunião de emergência. A entidade quer discutir a situação dos jornalistas na empresa, sobre a possível demissão em massa.

 
De acordo com André Freire, diretor secretário-geral do SJSP, o clima na redação é de perturbação, por conta do ocorrido com o Jornal da Tarde, encerrado em 2012. À época, quando surgiram os boatos, a empresa negou diversas vezes e evitou dialogar com a entidade. 
“A experiência do JT foi ruim por conta disso. Eles não precisavam negar um fato que se concretizou. E hoje eles precisam permitir que o sindicato defenda os jornalistas”, afirmou.

(* Com supervisão de Vanessa Gonçalves, Portal Imprensa)