Os sete terminais de integração de ônibus de Fortaleza estão defasados e não oferecem o mínimo de segurança aos usuários. A constatação foi feita por equipe de reportagem do O POVO e publicada, ontem, atendendo aos reclamos diários dos que são obrigados a utilizar o transporte público.

Como bem explicitou a reportagem, predomina o desconforto e a insegurança, além de faltar espaço, atenção, higiene, direitos e civilidade. São mais de um milhão de pessoas entregues a uma disputa selvagem, diária, para obter um lugar em algum dos 2.064 ônibus que circulam pela capital, através de 301 linhas. Essa rotina, que começa às primeiras horas da manhã, deixa trabalhadores e estudantes – a maior parte do contingente de usuários – irritados e estressados já no início de uma longa jornada.

É incompreensível que esses terminais, cuja missão é abrigar e encaminhar os passageiros para os vários destinos, não ofereçam condições dignas para que cada usuário se desincumba de suas tarefas diárias. Isso porque se trata de uma estrutura básica para a vida dos cidadãos de Fortaleza – a maioria esmagadora – que depende do transporte público para trabalhar, frequentar os centros de ensino, ou viabilizar outras rotinas.

Nós estamos falando de algo que determina a vida social e produtiva da Cidade, e não de alguma coisa extemporânea e dispensável.

Na verdade, os terminais tornaram-se espaços que reproduzem o pior que há na vida social: a insegurança, o medo, o desrespeito ao outro, e o crime. São ocupados por multidões desesperadas para conseguir cumprir o cronograma diário: chegar a tempo ao trabalho para não receber uma advertência ou a carta de demissão; não chegar atrasado à escola e receber falta ou perder a aula ou a prova, ou pelo receio de faltar ao compromisso assumido.

É um absurdo que os terminais mantenham a mesma estrutura de 20 anos atrás, numa Cidade que tem crescido a ritmo alucinante. Isso denota o quanto as necessidades dos segmentos majoritários, nesse item, têm sido secundarizados pelo poder público nas últimas duas décadas. Ora, Fortaleza deve ser regida, antes de tudo, pelos interesses maiores de seus habitantes. É isso que precisa ser revertido.

(O Povo)