A versão feminina para o Viagra, estimulante sexual masculino, poderá chegar aos mercado até 2016. A previsão é da empresa Emotional Brain, com sede nos EUA e na Holanda, que desenvolve dois medicamentos para HSDD (sigla em inglês para transtorno de desejo sexual hipoativo). A notícia foi publicada no New York Times Magazine.

O remédio principal, chamado de Lybrido, teria demonstrado eficácia entre “mulheres com baixo desejo sexual como resultado de falta de sensibilidade em seus sinais sexuais” ao “aumentar motivação sexual central e resposta sexual psicológica, com fluxo sanguíneo no órgão genital e lubrificação”, de acordo com o site da empresa.

Diferentemente do Viagra, que ativa somente mecanismos que levam à ereção, o Lybridos tem efeitos nas áreas do cérebro associadas ao desejo sexual. Ele começa a agir entre três e seis horas após a ingestão e é preciso apresentar uma receita médica para ser comprado.

Além disso, o remédio utiliza a buspirona, ausente no Viagra. Desenvolvida inicialmente contra ansiedade, a substância diminui os níveis de serotonina, associada à inibição de raiva e do prazer. Em contraposição, a dopamina, relacionada ao prazer e à atração, teria seus níveis aumentados.

Alguns estudiosos apontam a falta de libido entre as mulheres como consequência de relacionamentos desgastados ou de declínio de hormônios. Outros analistas, porém, apontam que o baixo desejo sexual não necessariamente exige tratamento médico – ou que tampouco é problemático por si só -, mas um conceito criado por companhias farmacêuticas para aumentar suas vendas.

O segundo remédio da empresa, chamado de Lybridos, foi desenvolvido especialmente para mulheres que sofrem do transtorno por mecanismos de inibição causados por associações negativas ao sexo. Além de aumentar a motivação sexual, o medicamento contém um agente que contorna tais mecanismo de inibição ao agir nas áreas pré-frontais do córtex cerebral.

De acordo com Daniel Bergner, que assinou a reportagem sobre o medicamento na revista nova-iorquina, mais de um conselheiro da indústria farmacêutica contou que “empresas se preocupavam com a perspectiva de que os resultados fossem fortes demais, de que o FDA [órgão que regulariza medicamentos] rejeitaria por medo de o remédio causar excessos femininos, abusos loucos de infidelidade e fragmentação social”.

Outro especialista falou sobre a “necessidade de mostrar que não estariam tornando mulheres em ninfomaníacas” e o “medo de criar mulheres sexualmente agressivas”, em declarações facilmente classificáveis como machistas. 

* Com informações de Daily Mail