Lá fora é comum: você liga a TV e vê uma cena com dois homens empurrando o carrinho do supermercado. No próximo comercial, duas mulheres escolhem um carro juntas. Mais adiante, é uma incorporadora que usa um casal de mulheres para anunciar um empreendimento imobiliário. A escandinava Ikea, que não atua no Brasil e vende móveis de design moderno e acessórios para a casa, usou até um transexual queimando seu documento masculino em um filme publicitário. Por que será que no Brasil a gente nunca viu nada parecido?     

Procurada pela reportagem do iGay para responder porque a marca Smirnoff costuma patrocinar paradas gays fora do Brasil, com a de São Francisco, e não entra com patrocínio em uma das maiores do mundo, a de São Paulo, Anne Hamon , diretora de marketing da Diageo, dona da marca Smirnoff, disse que tudo é uma questão de análise do mercado: aqui, baseado em experiência anterior, não houve o retorno comercial esperado.

O professor Marcos Bedendo , ouvido para a mesma reportagem , acredita que o brasileiro é muito conservador, e isso se reflete na maneira como a propaganda conversa com o público. “No geral, as marcas globais fazem propagandas muito mais ousadas e agressivas fora do que aqui”, afirma. Segundo ele, é uma questão de tempo até que o Brasil esteja preparado para ver na TV comerciais que se refiram diretamente ao consumidor gay. “As coisas estão evoluindo”, diz ele. 

A fabricante de cosméticos Natura saiu na frente, ao incluir um casal gay em uma campanha de Dia das Mães que está no ar atualmente. Com trilha sonora na voz de Marisa Monte, a marca afirma: “Toda relação é um presente”.

(IG Último Segundo)