Começa nesta segunda, dia 06, em Maceió, capital de Alagoas, o júri popular de quatro policiais acusados de assassinar o empresário Paulo César Farias, PC Farias, e sua namorada Suzana Marcolino. O crime ocorreu em 23 de junho de 2996, há quase 17 anos, em uma casa na praia de Guaxuma. O júri popular terá início às 13h no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió, presidido pelo juiz Maurício Breda, e deve durar cinco dias.
São acusados pelo crime os seguranças de PC Farias: Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva. PC Farias foi tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1989 e, à época do assassinato, respondia em liberdade condicional a diversos processos, entre eles sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Ele foi encontrado morto ao lado da namorada na casa de praia de sua propriedade em Alagoas.
Os policiais militares que encontraram o corpo de PC Farias eram responsáveis pela segurança particular da vítima e agora respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e impunidade). Segundo a Promotoria, eles agiram por omissão, porque estavam presentes na cena do crime, mas relataram não ter ouvido os tiros e não impediram as mortes de PC Farias e Suzana.
PERÍCIAS
Uma perícia do legista Badan Palhares, à época da Universidade de Campinas (Unicamp), apontou inicialmente que Suzana teria assassinado PC Farias por ciúmes e depois se suicidado. Depois que o legista George Sanguinetti, em uma perícia paralela, contestou o suicídio, uma equipe de peritos forneceu à polícia um novo laudo que derrubou a tese devido à trajetória dos tiros e concluiu que houve duplo homicídio. “Ele [PC] foi arrumado na cama. A posição dele não compactuava com o trajeto para que ele recebesse o tiro na cama. As provas são claras”, afirmou Sanguinetti.
Em 2000, ele foi sentenciado a dois anos de prisão por ter alegado que o laudo inicial para a causa das mortes teria sido comprado por R$ 400 mil. “Entre todas as condecorações, essa [condenação] é a que mais dou valor. Dezessete anos após o crime, fui o único condenado, e os acusados estão livres”, afirmou Sanguinetti.
DEPOIMENTO
Para Sanguinetti, o crime teve interesse “político-econômico”, já que PC Farias iria depor, quatro dias depois de sua morte, na CPI das Empreiteiras. “Ele estaria falando demais. As autoridades alagoanas trabalharam para tornar o caso um crime passional, mas não foi. Ele morreu porque era um arquivo vivo. O caminho percorrido pelos que tramaram está nos autos. Não precisa ir longe. Suzana foi uma coadjuvante, estava no lugar errado, na hora errada”, disse Sanguinetti.
(Portal Clica Piauí)