A advogada Carla Silene disse no início da madrugada deste sábado (24) que Fernanda Gomes de Castro já esperava ser condenada no Tribunal do Júri de Contagem. “Dentro do contexto que se apresentou, ela já esperava esse resultado”, declarou a defensora. A ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes foi condenada a cinco anos de prisão, em regime aberto, pelo sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do filho dela. “Ela não volta para cadeia”, explicou a advogada.

Carla Silene adiantou que vai recorrer da decisão proferida pela juíza Marixa Fabiane Lopes de Castro. “Assim como recorremos da pronuncia e ainda não transitou em julgado, vamos recorrer também deste julgamento”, pontuou.

Segundo a defensora, Fernanda Castro, que não quis falar com os jornalistas, saiu do tribunal com a “cabeça erguida”, apesar de “emocionalmente abalada”. A advogada ressaltou que a grande vitória da cliente se deu fora do plenário. Segundo Carla Silene, o maior mérito em relação à Fernanda neste caso foi o fato de ela não ter sido pronunciada pelo crime de homicídio.

Condenação

O júri popular do caso Eliza Samudio condenou, na noite desta sexta-feira (23), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, os réus Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, por participação nas ações que resultaram na morte da ex-amante do jogador, em crime ocorrido em 2010.

Conforme a sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, Macarrão foi condenado a pena de 15 anos de prisão, sendo 12 deles em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver. Ao ouvir a decisão, Macarrão chorou no plenário.

Fernanda foi culpada por dois crimes de sequestro e cárcere privado, de Eliza Samudio e de seu filho, Bruninho, condenada à pena de 5 anos a ser cumprida em regime aberto.

Na sentença, a juíza afirma que foi uma “execução meticulosamente arquitetada”. Ela disse que os acusados agiram com “perversidade” e que a culpabilidade é “acentuada”.

Os jurados saíram do plenário em direção à sala secreta às 21h e voltaram depois de mais de duas horas. Durante esse período, eles responderam a quesitos preparados pela juíza Marixa, com a concordância de advogados e do promotor. Com respostas “sim” e “não”, os jurados decidiram se os réus cometeram o crime, se podem ser considerados culpados e se há agravantes ou atenuantes, como ser réu primário. Em seguida, a juíza redigiu a sentença.

O júri popular, que teve início com cinco réus, acabou com apenas dois acusados: Macarrão e Fernanda. O jogador Bruno Fernandes de Souza, que era titular do Flamengo, é acusado de ter arquitetado a morte da ex-amante, em 2010, para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno, a sua ex-mulher Dayanne Rodrigues e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram o júri desmembrado pela juíza Marixa e serão julgados em 2013. (Acompanhe o dia a dia do júri popular do caso Eliza.)

O crime
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. O bebê Bruninho foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG).

Além dos três réus que tiveram o júri desmembrado, dois acusados serão julgados separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, teve o processo arquivado.

Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais relata o medo que sentia.

Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.

(G1)