Por Lígia Guimarães, do G1 SP
Foi para presentear um amigo que a jovem estilista Beatriz Rouce, 21 anos, fabricou sua primeira peça de lingerie masculina. “Eu tenho vários amigos homossexuais, e um dia um comentou que seria interessante se houvesse um produto como esse”, conta a empresária de Americana, no interior de São Paulo.
“Ele gostou, mais amigos pediram, e eu abracei a ideia”, diz Beatriz, que viu no interesse do amigo uma oportunidade de se especializar e abrir a própria empresa.

Nasceram daí as “cuelcinhas” (de cueca + calcinha), batizadas assim por serem criadas para se adequarem à anatomia do homem, mas com todos os babados, rendas e delicadezas das tradicionais lingeries femininas. Hoje, ela contabiliza a venda de cerca de 50 peças por dia, confeccionadas por uma empresa de costura terceirizada. É dela, no entanto, a escolha dos desenhos, tecidos, aviamentos, acabamentos e moldes de toda a produção.
O empreendimento contou com o total apoio dos pais de Beatriz. Donos há 23 anos de uma metalúrgica na cidade, eles financiaram a abertura, em outubro do ano passado, da Comum de Dois, empresa criada para a filha. Hoje, a mãe de Beatriz cuida também da administração da empresa ao lado de seu outro filho, Rodrigo, que é responsável pelos estoques, logística, emissão de notas fiscais e envio da mercadoria aos clientes.
“Meus pais viram uma oportunidade de crescimento e resolveram investir”. Abriram um site na internet, procuraram quem fabricasse as peças e já começaram a receber pedidos e encomendas. As vendas acontecem por Skype e MSN e os produtos são entregues pelos Correios – tudo com a máxima discrição, garante a empresária. Os preços variam de R$ 40 a R$ 55.
A reação ao lançamento da marca, conta Beatriz, foi imediata – tanto dos consumidores quanto dos críticos. Nas primeiras semanas, a “cuelcinha” repercutiu nas redes sociais e o site chegou a cair por conta do alto e inesperado número de acessos. “Não precisamos nem fazer propaganda. Logo já estávamos em blogs e recebendo muitos comentários”, conta a estilista.

A mãe de Beatriz e gerente da Comum de Dois, Edy Rouce, diz que o filão de homossexuais que gostam de usar peças de roupas femininas existe e é praticamente ignorado no Brasil. “Como empreendedores, é claro que pensamos no resultado. Mas tudo isso surgiu porque esse mercado é carente de coisas exclusivas para eles”, diz Edy que, junto com a filha, planeja lançar uma nova linha de produtos no início de fevereiro, sempre ligada ao universo das roupas femininas. “Vamos manter esse conceito”.
Tanto na opinião da mãe quanto da filha, grande parte das críticas ao produto vem de pessoas que não entenderam o conceito da marca, destinada a atender um nicho específico de consumidores.
“Não é um produto para homens heterossexuais, para o namorado de nenhuma mulher. É para um nicho dentro do público gay, e vi que em alguns momentos isso não foi compreendido. Mas não vou me esforçar para que isso seja entendido, quem é o público sabe”, diz Beatriz.

Segundo Edy, a gerente, a marca oferece produtos que se diferenciam de itens vendidos em sexshops, dedicados a fetiches, porque a ideia é que as calcinhas sejam usadas também no dia a dia, a exemplo das mulheres. “Tem a vertente da noite, a que você usa para a balada. E tem aquela de usar para o escritório que não vai marcar nada, não vai denunciar nada. Um executivo, por exemplo, não vai gostar que apareça um lacinho. Tem modelos mais básicos”, diz.

A jovem empreendedora, que até então acumulava no currículo alguns cursos técnicos e trabalhos pontuais na costura, diz que precisou pesquisar e aprender para desenhar as lingeries masculinas. “É difícil porque você tem que aplicar o conceito masculino, com a anatomia diferente, mais a parte da sensualidade”. As redes sociais e a internet são as principais fontes de inspiração da empresária para saber das preferências do público e até do que é tendência nas lingeries femininas para aplicá-las às coleções. “É um público exigente, detalhista, que presta atenção no acabamento e vê para onde está indo o dinheiro dele”.
Justamente pelo inusitado dos produtos que fabrica, Beatriz entende que a seriedade na produção e no relacionamento com os clientes é fundamental para o crescimento da empresa. “É um trabalho sério, é muita responsabilidade. De não fazer feio, de não vulgarizar, de não me denegrir, nem aos meus clientes”, afirma a empresária.
Sou gay e eu não usaria, pois não curti. Achei feminino demais, bem fora do meu estilo (e olha que eu sou um cara bem liberal e desencanado em relação a essas coisas).
Acredito que talvez teria maior aceitação entre travestis, crossdressers e homens (independente de orientação sexual) que já possuam o hábito de usar calcinha.
Particularmente, creio que o produto será, proporcionalmente, muito menos aceito entre os homens gays, especificamente, do que entre os demais grupos que citei.
Se a intenção da estilista for for fazer sucesso com o seu produto entre o chamado ‘público gay’ (como pressupõe o título da matéria), então creio que tal ideia está fadada ao fracasso!
Uma ótima ideia da estilista, esse mercado ai realmente não é explorado. Já tinhamos isso a 2 anos arquivado para uma proposta a ser colocado no nosso Blog Lingerie of Ceará no endereço http://lingerieofceara.blogspot.com/ e vamos faze-la… Parabéns a ela de abraçar a ideia terá grande sucesso.
Agora quanto as cuecas para o público masculino gay, digamos assim pois acho que esse titulo de cuelcinha não pega bem( e de forma alguma), deveria ser elaboradas com tecidos voltado para o corpo masculino, como malhas de fio 30, cotton, modal, etc, tecido para lingerie como os mais leves e mais finos realmente vejo que não deve ser explorado( se for com certeza será outro público como lido acima que também deve fazer parte da coleção.) devido aos movimentos masculinos, volume de corpo, etc, deveria ser mais adequado. O estilo em cores deveria ser bem mais masculino combinações como PRETO/VERMELHO/CINZA – CINZA/BRANCO/PRETO, etc. já outras cores, realmente seria vendida, mas vale analisar o mercado primeiro.
Ótima visão de mercado Beatriz agora é correr antes que a concorrência tome de conta.
Parabéns!!!!