Imagine quase meio século de informações sobre a incidência de radiação dos raios solares e das quadras chuvosas no Ceará, e como esses dados, devidamente compilados, poderiam nortear a realização de projetos em diversos setores da economia, sobretudo, na geração de energia solar. Seria algo essencial para trazer investimentos com segurança para o Estado. Pois essa ferramenta já existe.
Trata-se do Atlas Solarimétrico do Ceará, que mapeou as manifestações climáticas locais, entre os anos de 1963 e 2008, com o foco específico na variação da radiação solar, com acompanhamento dos períodos pluviométricos de maior e menor intensidade. O estudo foi apresentado, ontem, durante o All About Energy, evento que se propõe – como a própria tradução da língua inglesa revela – a tratar de tudo sobre energia.
Checagem
Financiado pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e produzido pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o Atlas foi criado para demonstrar o potencial que o Estado detém, mensalmente, em receber empreendimentos nacionais e internacionais que objetivam vender a energia limpa, obtida por meio da radiação solar.
Segundo o coordenador de Energia e Comunicação da Seinfra, o Atlas custou aproximadamente R$ 250 mil para ser feito. “Há algum tempo, já existe o mapeamento eólico. Faltava um trabalho assim na área de energia solar. A ideia é manter esse material atualizado para identificar as áreas próprias para cada tipo de investimento”.
Método numérico
De acordo com a assessora Técnica da Funceme, Meiry Sakamoto, o levantamento, que levou mais de dois anos para ficar pronto, foi realizado a partir das modelagens numéricas da Funceme e, para se chegar aos índices das décadas passadas, foram calibrados por um modelo que se aproxima o máximo possível da realidade.
Segundo ela, além de identificar as regiões de maior incidência de raios solares, também foram avaliados os meses em que as chuvas excederam ou foram inferiores à média. “Fizemos análises em relação às quadras chuvosas para dar mais segurança ao planejamento do investidor. Quanto às áreas de maior incidência, naturalmente, o sertão central com menos formação de nuvens recebe mais radiação do que o litoral”.
EM AGOSTO
ONS já prevê atraso na entrega de energia leiloada
Para especialistas, prazos são muito curtos. 528 projetos participam do certame, somando 27,561 mil MW
Rio. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, previu ontem, no Rio, atrasos na entrega da energia que vier a ser adquirida nos leilões de compra marcados para agosto. Para o especialista, são muito curtos os prazos determinados para a entrega da energia obtida no leilão de novos empreendimentos (A-3), em 17 do referido mês, e no leilão de reserva (LER), no dia seguinte.
O Ministério de Minas e Energia fixou em 1º de março de 2014 o início do suprimento da energia elétrica comprada no A-3. No caso do LER, os contratos firmados com os vencedores determinarão o início do suprimento no dia 1º de julho daquele ano. “A previsão do tempo entre as datas do leilão e da entrega da energia é insuficiente para a adequação do sistema de transmissão”, alertou Chipp, para quem “dificilmente estes prazos serão atingidos”. “É apertado demais”, acrescentou.
Palestrante no simpósio Experiência do Brasil e Portugal no Setor Elétrico, realizado ontem no hotel Copacabana Palace, o diretor-geral do ONS disse que um dos obstáculos ao cumprimento dos prazos é o licenciamento ambiental obrigatório, que, em média, demora 28 meses. Chipp citou como exemplo os empreendimentos previstos para a Região Norte. “A transmissão na Amazônia passa por áreas que têm implicações ambientais”, observou.
Entre as datas dos leilões e o início do suprimento da energia nova contratada ocorrem etapas que Chipp define como responsáveis pela “dificuldade de compatibilização entre os cronogramas de transmissão e geração”. Essas etapas incluem a assinatura dos contratos de concessão, os licenciamentos ambientais, a implantação das obras e o comissionamento.
Os atrasos não são inéditos no mercado de energia comercializada em leilões, lembrou o diretor-geral. O prazo de entrega da energia comprada no leilão do ano passado já sofreu um adiamento Seria em janeiro de 2013. Agora, o novo prazo fixado é setembro do mesmo ano.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que 582 projetos, somando 27,561 mil MW de capacidade instalada, se inscreveram para os dois leilões de agosto.
Encontro no Ceará
A Secretaria da Infraestrutura do Estado reunirá, nesta sexta-feira, os secretários estaduais ligados ao setor de energias do Ceará e Piauí para encontro com representantes do ONS.
A reunião envolverá também representantes do Ministério das Minas e Energia, da Coelce, da Aneel e da Arce, além de empresários. Serão tratados assuntos referentes às condições de atendimento para o período 2011/2015, com destaque para capitais e polos industriais; andamento dos trabalhos para a Copa; e acompanhamento do programa de obras autorizadas e/ou licitadas.
(ILO SANTIAGO JR – Diário do Nordeste)