SÃO PAULO – O Santander informou que já conseguiu capturar sinergias de R$ 1,88 bilhão a partir da integração do Banco Real, mas adiantou que a prioridade dada ao grupo à expansão comercial poderá comprometer a meta de alcançar economias de R$ 2,4 bilhões até o fim deste ano.
Durante a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, Marcial Portela, presidente da operação brasileira do grupo espanhol, disse nesta quinta-feira que entre a obtenção de novos ganhos de sinergia e o desenvolvimento comercial, o banco ficará com a segunda opção, o que pode significar o não cumprimento do compromisso traçado com a aquisição do Real.
A unificação das plataformas do Real e do Santander foi um processo longo, que envolveu a migração de 38 milhões de contas e 9 milhões de clientes ativos.
Em entrevista a jornalistas, Portela lembrou que só o desenvolvimento de tecnologia consumiu 6 milhões de horas e investimentos de R$ 1,1 bilhão. “Já olhamos a fusão pelo retrovisor. É algo que está no passado”, comentou o executivo.
Com a integração concluída, o Santander passa a se concentrar agora na expansão dos negócios. Segundo Portela, mais do que a ampliação do crédito, o foco do banco é o aumento da base de clientes e prestação de serviços, seja via expansão orgânica, seja por parcerias com terceiros.
A ideia é adicionar neste ano 600 mil novos correntistas e inaugurar de 100 a 110 agências, dando continuidade ao plano de abertura de 600 unidades após a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) realizada na Bovespa. Só nos três primeiros meses deste ano, foram inauguradas 31 agências.
Para Portela, que sucedeu Fabio Barbosa na presidência da instituição financeira em fevereiro, a disputa no setor bancário nos próximos anos será marcada pela aproximação física das agências aos clientes, além da busca por qualidade dos serviços. “A sociedade muda e tem novas demandas. O banco que não muda fica fora do jogo”.
O executivo assinalou que o banco quer acompanhar de perto a transformação social do país, aproveitando a ascensão da classe C. Nesse sentido, adiantou que o Santander deverá participar da licitação pelos serviços financeiros em agências dos Correios, o chamado Banco Postal.
Liderança
O lucro de R$ 2,07 bilhões registrado pela filial brasileira do Santander no primeiro trimestre manteve o Brasil como a operação mais rentável do grupo no mundo, à frente do Reino Unido.
Nos três primeiros meses de 2011, o Brasil respondeu por 25% do resultado global do Santander, ampliando em três pontos percentuais – na comparação com igual período de 2010 – a sua fatia no bolo.
“A tendência é ter uma participação cada vez mais forte nos resultados do grupo”, comentou Portela na entrevista coletiva a jornalistas.
(Eduardo Laguna | Valor)