Em votação simbólica, a candidata derrotada no primeiro turno da eleição presidencial referendou a posição para a nova etapa da sucessão. Dos cerca de 170 votantes, só quatro declararam apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). Mesmo Fernando Gabeira, o candidato derrotado ao Governo do Rio de Janeiro, que contou com o apoio do tucano no primeiro turno, preferiu a independência do partido.
Individualmente, os filiados serão liberados para aderir às campanhas da petista ou do tucano. É o que Gabeira faz ao endossar a candidatura de Serra.
“O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha”, disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, num espaço cultural na Vila Madalena.
Ela prometeu, ainda, defender sua fé – ela é evangélica – sem contudo usá-la “como arma eleitoral”.
Carta aberta
Em carta aberta a ser encaminhada a Dilma e Serra, Marina fez duras críticas aos partidos de seus ex-adversários, aos quais chamou de “fiadores do conservadorismo”.
Ela lamentou a disputa do “poder pelo poder”, o tom agressivo das discussões na eleição e a dificuldade dos candidatos em debaterem temas novos, numa clara referência à questão do desenvolvimento sustentável.
Marina começou seu discurso agradecendo seus ex-adversários por procurar seu apoio, mas lamentou que as candidaturas não tenham se posicionado com clareza sobre as 10 propostas encaminhadas pelo PV, entre elas a proposta do novo Código Florestal, a reforma política e a construção de novas usinas nucleares.
Mais adiante, a senadora criticou a dualidade da política brasileira na história republicana, o histórico confronto entre duas forças opostas e o pragmatismo da “velha política”. “Republicanos versus Monarquistas, UDN versus PSD, MDB versus Arena e agora, ironicamente, PT versus PSDB”, comparou. “Dois partidos nascidos para afirmar a diversidade da sociedade brasileira se deixaram capturar pela lógica do embate entre si até as últimas consequências”, lamentou.
Na carta, Marina avalia que os quase 20 milhões de votos obtidos pelo PV no primeiro turno das eleições presidenciais representam um “recado político relevante” a favor da superação do velho modelo. “Entendam-nos como a expressão de um desejo enraizado no povo brasileiro de sair do enquadramento fatalista que lhes reserva de escolher outros valores e outros conteúdos para o desenvolvimento nacional”, disse.
Questionada sobre em quem votaria neste segundo turno, Marina desconversou e se limitou a dizer que “voto é secreto”. Sobre se já havia votado nulo, ela despistou: “Não me lembro”.
(O Povo Online)