O apoio de Almir Gabriel a Ana Júlia foi sacramentado durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff. A reunião, na base aérea de Belém, aconteceu logo depois do comício realizado em Ananindeua, minutos antes de Lula voltar para Brasília.
O anúncio oficial foi feito na manhã de ontem com a presença de petistas e de lideranças de partidos que compõem a coligação “Acelera Pará”, encabeçada pelo PT e formada por outros 13 partidos.
Na última semana, Almir conversou com Ana Júlia e com o candidato a vice-governador, Anivaldo Vale, que já foi do PSDB e tem ligações com Almir. Vale acabou ajudando a costurar o acordo.
“Nós vamos tirar a preguiça da perspectiva de ser o governador do Pará”, disse Almir, referindo-se ao candidato tucano Simão Jatene. “A minha expectativa é de que a senhora aprenda com o Lula a governar o Estado do Pará”, disse para a candidata Ana Júlia Carepa, que estava ao seu lado.
Os dois pontos de maior diferença entre Almir e Ana Júlia estão em torno da privatização da Centrais Elétricas do Pará e do tratamento dado por Almir ao Movimento dos Sem-Terra no Estado. Almir era governador do Estado quando 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar durante uma tentativa de desobstrução de uma estrada em Eldorado dos Carajás. Desde então, petistas se referem a Almir como “assassino de sem-terra”.
“Nós continuamos tendo diferença de visões do que representou Eldorado”, disse Ana Júlia, afirmando que a união com Almir se deu porque ambos estão preocupados com o desenvolvimento do Estado. “O Pará está acima de qualquer diferença que possa existir”, afirmou minutos depois de Almir ter dito que não era adversário de Ana Júlia. “Nós somos adversários porque nós dois lutamos pelo povo do Pará”, disse Ana Júlia.
Questionada sobre a aceitação do ex-líder tucano entre a militância petista, Ana Júlia disse que não haverá problemas. “Quem quer a continuidade deste governo vai aceitar sim o apoio do doutor Almir e vai compreender que ele tomou conhecimento de muitas coisas que a gente fez no governo recentemente nas nossas conversas com ele”.
VOTO
Além de apoiar Ana Júlia, Almir declarou também que votará em Dilma Rousseff e disparou críticas ao candidato tucano à Presidência, José Serra. “Sempre considerei Serra um ególatra (idolatra a si próprio). É complicado a gente ter um ególatra na Presidência. Então, foi uma decisão (de apoiar Dilma) rápida e definitivamente simples”.
A surpreendente adesão de Almir Gabriel a Ana Júlia começou a ser costurada ainda no primeiro turno com visitas do chefe da Casa Civil de Ana Júlia, Everaldo Martins, ao sítio que o ex-governador mantém na Região Metropolitana de Belém.
Nessas conversas, Martins chegou a convidar Almir para dar palestras sobre administração pública aos petistas. O ex-governador, contudo, acabou optando por apoiar Domingos Juvenil, apontado por ele como a terceira via que ajudaria a derrotar a própria Ana Júlia e seu ex-pupilo e hoje desafeto Simão Jatene.
Ana Júlia e Almir Gabriel chegaram juntos e sorridentes ao hotel Crowne Plaza, para fazer o anúncio da aliança. Eram aguardados por jornalistas e militantes do PT. O primeiro a se manifestar foi o candidato a vice-governador, Anivaldo Vale. “O governo do Jatene foi o governo das obras inacabadas, voltado muito para a preguiça”, disse. Almir também se referiu várias vezes a Jatene como preguiçoso. “O preguiçoso tem que ir dormir na casa dele e deixar Ana Júlia trabalhar pelo Pará”, disse Almir.
(Diário do Pará)