Em dez anos de estudo sobre os problemas à saúde que o uso de celulares poderiam trazer, a equipe de pesquisadores não encontrou nenhum dado que revelasse aumento no risco de se desenvolver tumores no cérebro – pelo menos para pessoas que não usem o aparelho por mais de 12 horas ao dia.

A pesquisa, denominada Interphone, é a maior dentre as que tentam relacionar o uso de celulares com o desenvolvimento de câncer de cérebro. Já custou 19,2 milhões de euros, 5,5 deles providos pela indústria de telefonia, está sendo conduzida em 13 países, e conta com mais de 5 mil casos de tumores, de gliomas a meningiomas, para comparação com indivíduos saudáveis.

Até agora, os resultados não mostraram o desenvolvimento de nenhum tipo de câncer para pessoas que têm usado o celular há mais de dez anos, diz Maria Feychting, professora de epidemiologia do Instituto Karolinska e responsável pela parte do estudo conduzida na Suécia. Outro fator a se considerar, conta a pesquisadora, é que os casos de gliomas e meningiomas não fugiram do esperado, de acordo com as estatísticas oficiais do Governo sueco.

No entanto, para os usuários mais ativos, aqueles que usaram o celular por mais de 1640 horas, o estudo sugere que há um acréscimo de 40% nas chances de se desenvolver um glioma. Mesmo assim, os pesquisadores não são conclusivos: afirmam que erros na base de dados poderiam ser a justificativa para tal saldo.

Por exemplo, alguns desses usuários mais ativos reportaram padrões de uso muito improvável,. Algo como usar o aparelho por mais de 12 horas ao dia.

Metodologia problemática – A metodologia da pesquisa é bem problemática. Segundo Feychting, primeiro os entrevistados são convidados a lembrar o quanto usam o celular diariamente, e, em geral, eles não são muito exatos nas respostas. Depois de terem todos os dados coletados, o instituto escolhe quais respostas são críveis e quais não são.

Os problemas com as entrevistas foram tão graves que a o estudo da Interphones chega a aludir que, em alguns casos, usar o celular com alguma regularidade ajuda a reduzir os riscos de câncer de cérebro, afirma a IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer).

Por isso, outra pesquisa, de nome COSMOS, constituída por estudiosos de cinco países europeus, tem a intenção de obter as informações diretamente com as redes de telefonia, confidencia Feychting.

De fato, o estudo da Interphones tem sofrido críticas constantes, mais uma vez quanto à metodologia utilizada. Especialistas questionam qual a razão das crianças não serem incluídos no universo pesquisado e por que o período pesquisado não é maior que dez anos de uso. O instituto responde que para jovens um método completamente diferente é necessário, no entanto, não rebate a segunda pergunta.

(Mikael Ricknäs – IDG Now)