Imagens mostram atriz no set como mãe do presidente. ‘Fiz muita pesquisa para construir a personagem’, diz Glória.
No interior de Pernambuco, numa região massacrada pela seca, a perspectiva maior dos seus personagens se limita a permanecer vivo no dia seguinte. Ao enxergar tal região, onde a pouca água que há é barrenta e precisa ser compartilhada com animais, entende-se a razão da falta de esperança.
Quando se convive com essa realidade, até mesmo por poucos dias, é difícil acreditar que foi desse local que uma pessoa saiu e conseguiu se tornar presidente do maior país da América Latina. É justamente isso que o cineasta Fábio Barreto pretende com o filme “Lula, o filho do Brasil”, que começou a ser rodado esta semana no município de Garanhuns, Agreste de Pernambuco, a 225 quilômetros da capital.
“O Luiz Inácio Lula da Silva que fundou o PT e que se tornou presidente todo mundo conhece. O que as pessoas não conhecem, tanto no Brasil como fora, é onde esse homem nasceu, em que condições ele migrou para São Paulo, o que ele estudou, como ele viveu e virou operário, como ele virou um líder sindical”, explica.
Adaptação – De acordo com o diretor, o filme é baseado no livro homônimo da historiadora Denise Paraná e pretende levar essa realidade às telas do cinema ainda este ano. “Começamos a gravar esta semana em Pernambuco, finalizamos até julho e fazemos a estréia em setembro ou outubro, no máximo”, revela o diretor.
O filme vai abordar a trajetória de vida de Luiz Inácio Lula da Silva, desde o seu nascimento até a morte da sua mãe, a dona Lindu, que será interpretada pela atriz Glória Pires. Nesse período, Lula estava preso e teve a permissão de sair apenas para acompanhar o enterro.
Para contar a história, a produção deve consumir aproximadamente R$ 12 milhões. “É um filme que vai de 1945, que é o nascimento dele, a 1980. Nós passamos por várias fases do Brasil. Fazer um filme que atravessa todas essas épocas com fidelidade custa muito caro. Por isso, é um filme que tem um orçamento alto para os padrões de um filme brasileiro. Comparar isso com um padrão orçamentário de um filme produzido em Hollywood não é absolutamente nada”, afirma Barreto.
O livro que guia o diretor foi publicado em 1996. A autora, Denise Paraná, que foi assessora de Lula quando ele perdeu as eleições presidenciais para Fernando Collor de Mello, colheu depoimentos de Lula, na época apenas um candidato derrotado, e de seus irmãos, amigos e companheiros de lutas sindicais.
Antes mesmo de começar e escrever, ela percebeu que a história daquele homem que saiu em busca da sobrevivência num pau-de-arara e tinha acabado de conseguir milhões de votos se encaixaria perfeitamente num roteiro de cinema. Esse roteiro começou a sair do papel, com as cenas gravadas num cenário de pobreza cruel, entre os municípios vizinhos de Garanhuns e Caetés – este último, onde nasceu o personagem principal.
Além de Denise Paraná, assinam o roteiro o próprio diretor Fábio Barreto, Daniel Tendler e Fernando Bonassi, com a colaboração ainda de Marcelo Santiago.